Drástica quebra na concessão de crédito habitação na última década
A concessão de crédito à habitação pela banca portuguesa teve uma queda acentuada na última década, principalmente a partir de 2008.
Em Novembro de 2013, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu reduzir a taxa de juro diretora aplicável às operações principais de refinanciamento em 0.25% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez para valores de 0.75%.
De referir que a taxa de juro de facilidade permanente de depósito não foi alterada, continuando a ser 0%.
Mediante a informação do Banco Central Europeu, continua a ser relevante para a política monetária a estabilidade dos preços, tentando controlar as pressões inflacionistas para valores abaixo dos 2%.
Segundo estes dados, a área do euro poderá registar um período alargado de inflação baixa, seguido de um movimento ascendente gradual no sentido de taxas de inflação próximas de 2%.
Segundo o catálogo de Estudos da APEMIP – Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária, do último trimestre de 2013, em Portugal o clima de austeridade que impera, coadjuvado por níveis de desemprego elevados e diminuição do poder de compra, faz aumentar o prémio de risco por parte da banca, refletindo-se numa contínua restrição, com expressão no agravamento do spread.
De acordo com o inquérito do Banco de Portugal aos bancos portugueses sobre o mercado de crédito, em Outubro de 2013, estes reportaram uma maior diferenciação dos clientes de acordo com o perfil de risco, tanto na habitação como no consumo.
As limitações impostas pela conjuntura económica, adensadas pela precaução da banca, e pela deterioração do poder de compra, traduziram-se na quebra dos montantes de novos empréstimos à habitação para as famílias.
Em 2013, apenas foram concedidos nos primeiros nove meses, cerca de 1 469 milhões de euros às famílias, valor inferior a anos anteriores, embora ligeiramente acima de 2012.
Denota-se um ligeiro otimismo no mercado, ao qual não serão indiferentes variáveis como as mudanças legislativas no mercado imobiliário, os golden visa.
Assim, na análise da variação homóloga, foi possível observar a partir do segundo trimestre de 2013, um comportamento ligeiramente positivo. Tendo em consideração os constrangimentos inerentes à compra de bens, continua a verificar-se que o peso da cobrança duvidosa na habitação registou valores inferiores, próximos de 2% em Julho, abaixo dos aumentos noutros créditos.
Se compararmos com outros anos verifica-se uma quebra vertiginosa na concessão de créditos à habitação.
- Em 2003 foram concedidos 12 944 milhões de euros
- Em 2004 o crédito concedido foi de 18 260 milhões
- Em 2007, o valor mais elevado da década de 2003/2013, foi de 19 630 milhões
A partir daqui a queda é abrupta: Em 2008 o montante concedido foi de 13 375 milhões, decrescendo até aos 1 935 milhões de 2012.